A tensão do (re)corte do pinto, do (re)corte do falo e o corte no preconceito no corpo transexual

 

Classificação Indicativa: 18 anos.
Organizador: Claudio Noel de Toni Junior. Autora: Paola de Toni.
A obra contempla, um amálgama de intersecções que entrelaçam presente, passado e expectativas para o futuro de um tema que pouco se abordou em sua completitude, a questão conjunta da transexualidade histórica e atual. A heterotopia dos corpos trans, daqueles que nasceram diferentes do corpo biológico, do masculino e do feminino tradicional, é discutida pela Análise do Discurso em três embasamentos doutrinários, que se entrelaçam pela História para que se possa compreender as vidas trans do presente. Isto se deu, devido à experiência da autora, sendo a primeira doutora e pós-doutora trans do Brasil e suas múltiplas formações de nível superior strictu sensu no Brasil e no exterior, na sua formação multidisciplinar que envolve a Medicina, desde os tempos de Stoller, Money e da Clínica Harry Benjamin até os protocolos que se veem hoje no Brasil sobre a acessibilidade de cirurgias para pessoas trans em espaços públicos e privados. Com sensibilidade e conhecimento técnico-científico que entrelaçam a arte do cinema na literatura, o médico, o jurídico, o político na episteme da História e seus desdobramentos em linha que amplia o debate, trazendo obras primas, como a arte em Lili Elbe, os movimentos sociais o passado e do presente, o que se pode esperar do país mais letal em não proteger vidas trans, ressalta a capacidade teleológica o tocar em pontos que se hoje são difíceis de se lidar para podermos construir uma sociedade cada vez mais justa. A obra abrange desde as teorias médicas usadas no século XIX para o campo médico e jurídico da transexualidade, seus precursores com exemplos clássicos, em um tom que mescla cientificismo histórico com realidades plurais, específicas em suas singularidades, múltiplas em articulações horizontais e verticais, trazendo desde o cinema, aspectos da cultura do que era denominado“ o verdadeiro transexual” stolleriano até as novas abordagens de acolhimento nos centros hospitalares no Brasil. Traz a evolução da jurisprudência brasileira, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), através de sua história com as demais jurisprudências da Europa, principalmente desde a segunda metade do século XX. O toque sutil que permeia as críticas, são acontecimentos que, separados da Ciência e vida comum, pois a autora vive a realidade que todas vivem, separa as relações do científico com a autobiografia, com exemplos que aconteceu consigo mesma trazendo ao discurso, sem menção de si, sem dizer ao leitor, pois são fatos que acontecem de forma ímpar a cada pessoa trans no Brasil, deixando a observação para o leitor e para a História citar e abordar. O corpo transexual na mídia, seu ato de fala, este corpo que merece respeito e pode ser conforme seu livre consentimento quer que seja, onde para ser transexual no Brasil, tem-se que matar um leão por dia e estereótipos não definem termos, destacando pessoas que buscam as cirurgias como forma de autoafirmação de gênero. O trabalho ressalta de forma crítica como eram designadas pessoas trans que buscavam procedimentos de transgenitalização, sendo designadas por “eunucos’ em um passado não tão distante pelo próprio judiciário e que hoje resiste para serem reconhecidas como sujeitos de Direito na livre iniciativa ao respeito em seus corpos no ato de ser e sentir, onde o novo não nasce do velho, o novo modifica o velho e o supera.
SUMÁRIO Préfacio Introdução e justificativa CAPÍTULO I A subjetividade discursiva histórica-literária de corpos transexuais CAPÍTULO II Existe o “transexual verdadeiro”? O transexual stolleriano e a evolução dos cuidados com a saúde das mulheres trans CAPÍTULO III Legalidade do direito como busca pela dignidade humana no corpo transexual CAPÍTULO IV Normas de gênero no sistema jurídico-prisional da denominação do corpo transgênero CAPÍTULO V Biopolítica e biopoder: mídia e as forças de ressignificação para a (re)construção do corpo trans CAPÍTULO VI Corpo, linguagem e mídia: como vivem os corpos trans Considerações finais Referências I Referências II Referências III Referências IV Posfácio Sobre os autores Índice remissivo

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